sábado, novembro 13, 2010

RECORDAR É VIVER

RECORDAR É VIVER


A mente humana, mais especificamente a área da memória permite ao homem guardar dentro dela bilhões de informações durante o trajeto que se chama período de vida. Por conta deste maravilhoso recurso somos capacitados para tomar decisões rápidas e elaborar projetos que visam o bem estar próprio, familiar e da sociedade em geral.

A grandeza de informações alojadas dentro do cérebro, segundo os estudiosos, equivale a um número imensurável de livros acomodados em seus devidos lugares (arquivos), prontos para serem usados no momento imediato de cada situação vivida pelo ser pensante. Não é sem sentido que a Palavra de Deus nos exorta a ensinar a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele (P. 22:6). O princípio deste ensinamento é preencher o número máximo possível de arquivos na mente da criança com ensinos hábeis, principalmente os bíblicos, dando a elas condições para manuseá-los enquanto viver. A ênfase “não se desviará dele” não significa necessariamente que ela nunca fará o contrário daquilo que aprendeu e sim que “nunca vai se esquecer do que aprendeu”. Entre outras coisas, o livre-arbítrio oferece “direito” ao homem de ignorar o arquivo bom e lançar mão do arquivo corrompido para tomar certas decisões na vida.

Hipoteticamente, vamos imaginar o homem tendo que ir à escola de primeiro grau cada vez que alguém pedisse a ele para falar ou mais difícil ainda, escrever seu nome. No entanto, aprendemos falar, andar e tomar decisões na infância que servirão para nos nortear enquanto vivermos.

Afinal, onde quero chegar com esta introdução? Seria eu um defensor do apego ao passado, ou seja, um saudosista nato? Não, claro que não. Pretendo meditar nas palavras do apóstolo Paulo. Ele escreveu: “Não julgo que tenha alcançado a perfeição, mas uma coisa faço, esquecendo-me daquilo que fica para trás e avançando para as coisas que estão adiante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação celestial – (Fp 3:13,14).

Paulo assegura: “esquecendo-me daquilo que fica para trás”. O que na verdade Paulo quis passar quando fez tal afirmação? Muitos pensam, aceitam e praticam que o homem, principalmente o cristão deve assumir uma postura radical de viver de tal forma que o passado seja literalmente “apagado da memória”, incluindo no exercício de amnésia as coisas boas e as coisas desagradáveis. Contudo, Paulo não teve a intenção de indicar esta atitude. Paulo foi o que foi por causa dos ensinamentos que recebera no passado de um excelente mestre. Ele escreveu com muita autoridade e cheio do Espírito Santo: “Irmãos e pais, ouvi a minha defesa, que agora faço perante vós. (...) Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel, conforme a precisão da lei de nossos pais, sendo zeloso para com Deus, assim como o sois todos vós no dia de hoje. E persegui este Caminho até a morte...” (Atos 22:1-4).

“Esquecendo-me daquilo que fica para trás”! Se fosse possível cumprir literalmente esta recomendação, teríamos que nos submeter a um transplante de cérebro, recebendo outro onde não houvesse espaço algum para armazenar lembranças. No entanto, não foi assim que Deus criou o homem.

Com toda certeza, Paulo ao afirmar que se esquecia do passado e avançava para as coisas que estavam diante dele, sua intenção era testemunhar de sua capacidade de filtrar os pensamentos. Uma coisa é se esquecer e outra é habilitação para filtrar determinados registros e não permitir que eles aflorem para produzir frutos envenenados que venham provocar morte e destruição. O próprio Paulo escreveu: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” – (Fp 4:8).

Recordar é viver? Sim e não. Como já foi dito, vai depender daquilo que se recorda. É esta a lição que extraímos das palavras de Paulo. No texto acima ele termina enfatizando – “nisso praticai”. Com certeza Paulo procurava se “esquecer” do tempo de Saulo (velho homem) por conta das atitudes desvairadas que tomara contra os cristãos. No período de Saulo suas atitudes redundavam em morte e isto certamente não trazia a ele nenhum benefício ou prazer dos velhos tempos. Paulo avançava para as necessidades que estavam diante dele. Ele tinha uma meta. Seus olhos estavam fixados em um alvo. Paulo buscava a vitória que resultaria em prêmio e é por causa disso que ele não se permitia perder tempo com acontecimentos do passado que não contribuíam para sua vocação ministerial e vitória em Cristo.

Recordar é viver? Sim, vamos nos lembrar de detalhes bons e passá-los adiante, sobretudo do extraordinário acontecimento na cruz do calvário envolvendo a morte e ressurreição de Jesus Cristo para salvar o pecador da condenação eterna.


_____________Capelão – Plínio Cavalheiro.



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