O Bom Samaritano. |
O salmo 136 em seus 26 versículos enfatiza sobre a
misericórdia de Deus. Por que a insistência e qual é a explicação teológica do
termo “misericórdia”.
Em primeiro lugar, a repetição se faz necessária pelo
fato de conscientizar a humanidade que sem ela o homem está predestinado à
morte e separação permanente de Deus. Não obstante, o homem tem o direito de
aceitá-la ou rejeitá-la.
E em segundo, a melhor exegese para esta palavra que
encontramos na Bíblia, em minha opinião, é a parábola do bom samaritano – Lucas
10:25-37. Vamos examinar o seu comentário:
Em um contexto onde certo perito da lei levantou-se na
tentativa de embaraçar Jesus, lhe perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para
herdar a vida eterna?”. Respondeu Jesus: O que está escrito na lei, Como você a
lê?
O conhecedor das letras respondeu: “Amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de
todo o teu entendimento e amararás a teu próximo como a ti mesmo”.
Jesus retorna: “Você respondeu corretamente. Faça isso e
viverá”. Entretanto, o inquiridor, não satisfeito e querendo justificar-se
perguntou a Jesus: “E quem é o meu próximo?”.
E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém
para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e
espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia
pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual
modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas
um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de
íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite
e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e
cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao
hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to
pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo
daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de
misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira –
(Lucas 10:30-37).
O sentimento de misericórdia, quando não acompanhado de
atitudes práticas é inútil. O samaritano, vendo o homem extremamente necessitado,
moveu-se de íntima compaixão e fez o imprescindível para salvá-lo,
diferentemente do sacerdote e do levita que simplesmente passaram de largo.
Qual é a relevância desta parábola para os dias de hoje?
Existem muitos ensinamentos. Entretanto, vou destacar alguns somente:
1). Cristianismo contemplativo. Não há espaço no reino de
Deus para cristãos semelhantes ao sacerdote e o levita da parábola, apressados
para outras prioridades e sem tempo para socorrer feridos que estão caídos pelas
margens das estradas deste mundo tumultuado, repleto de salteadores (demônios)
que visam – matar, roubar e destruir.
2). Desta água eu nunca bebi. Nenhum cristão autêntico
consegue afirmar que nunca foi assaltado e que jamais esteve ferido mortalmente
à beira do caminho. A Bíblia diz: “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas,
nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” – (Efésios 2:5). “Tirou-os
das trevas e sombra da morte; e quebrou as suas prisões” – (Salmo 107:14).
“Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de
Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os
que são santificados pela fé em mim” – (Atos 26:18). “O qual nos tirou da
potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” – (Colossenses
1:13). “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo
adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz” – (I Pedro 2:9).
3). Conceito dinâmico sobre o próximo. Jesus abre um
grande leque ao responder a pergunta: “Quem é o meu próximo?”. Ao contrário de
uma interpretação cômoda, Jesus diz: “todos que necessitam de ajuda, inclusive
os inimigos!” Próximo não significa necessariamente conviver junto dia e noite.
Próximo significa amar, se interessar, se aproximar daquele que está sofrendo,
mesmo não conhecendo sua identidade e fazer por onde sua situação tome um rumo
diferente e melhor, saindo do risco de morte para desfrutar da certeza de vida
permanente em Cristo Jesus.
4). Dois tipos de pecados. A parábola cita dois tipos de
pecados praticados por dois tipos de pessoas. O primeiro, cometido por delinquentes
que sem piedade usam de violência contra alguém que viaja, maltratando-o,
roubando seu dinheiro e deixando-o como morto à margem da estrada. O segundo,
praticado por duas pessoas semelhantes, o sacerdote e o levita. Estes
praticaram o pecado da indiferença para com o necessitado. Passaram, olharam,
perceberam a gravidade do problema, contudo, deram de ombros e continuaram viajando
como se nada houvesse acontecido. A Bíblia cita: “Aquele, pois, que sabe fazer
o bem e não o faz, comete pecado” – (Tiago 4:17).
5). Demonstração de amor. O terceiro homem coincidentemente
passa pelo mesmo caminho. Olha com olhos de compaixão e é compelido a tomar uma
decisão em favor do semimorto. Não fora o sentimento de amor e atitudes
corretas do samaritano, aquele homem certamente morreria sangrando naquele
lugar despovoado.
Esta parábola é uma declaração sobre a bênção da salvação
que chega ao homem quando ele está potencialmente morto no mundo espiritual. Jesus
enviado pelo Pai foi e continua sendo o bom samaritano, livrando o homem da
morte. A Bíblia diz: “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e
moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” – (Isaías 53:5).
Reconheça que você se enquadra entre uma ou outra situação.
Ou você já foi salvo pelo bom samaritano Jesus Cristo, ou você ainda está
ferido à beira do caminho e precisa ser alcançado pelo Salvador. Se a segunda
hipótese for seu caso, ore agora e clame a Ele por socorro e Ele virá.
________________Plínio Cavalheiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário