Normalmente
o réu usa do expediente de transferência de culpabilidade, na tentativa de se
justificar ou conseguir o abrandamento da pena. Haja vista, a primeira situação
onde o homem foi inquirido pelo Supremo juiz (Deus). Nesta oportunidade o réu
(Adão), foi interrogado da seguinte forma: “Quem te mostrou que estavas nu?
Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” – (Gênesis 3:11b). Instantaneamente
Adão transferiu a culpa ao próprio Deus e por via de consequência à sua mulher.
Veja suas palavras acusadoras: “Então disse Adão: A mulher que me deste por
companheira, ela me deu da árvore, e comi” – (Gênesis 3:12).
O
termo “acusador” está intrinsecamente ligado ao reino das trevas na pessoa do
diabo. Nenhum cristão, ainda que considerado menino na fé, pode duvidar da
existência e o caráter denunciante do diabo. Mesmo que a Bíblia ignorasse sua
essência (o que não é o caso), seríamos compelidos a crer na sua existência,
por conta do pecado e as malignidades que se proliferam nos quatro cantos da
terra.
O
dicionário diz que “acusação” significa “imputação de erro ou crime”. A Bíblia
recomenda o antídoto eficaz que neutraliza toda acusação e ação do diabo. O
Senhor diz através de Pedro: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso
adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”
– (I Pedro 5:8).
O
texto acima mostra algumas lições práticas para conscientizar o cristão de suas
obrigações e orientá-los sobre o papel e jurisdição de ação do diabo. Vejamos:
a).
Sobriedade e vigilância. Penso que a maioria dos casos de derrota espiritual
teve como causa a imprudência, por menosprezar a armadura disponível a todos
que estão engajados na batalha contra o acusador. Tiago escreveu: “Não deis lugar
ao diabo. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes
contra as astutas ciladas do diabo. Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao
diabo, e ele fugirá de vós” – (Efésios 4:27; 6:11, Tiago 4:7).
b).
Adversário. Está mais do que provado que o diabo tem o ser humano como seu
inimigo, em especial os cristãos. Seu objetivo fica claro em João 10:10a: “O
ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir...”. Portanto, não se deve
subestimar e nem superestimar a ação do acusador.
c).
Derredor. É engano crer que o lugar do diabo é exclusivamente em seu “trono”
erigido no centro do inferno, onde os demônios prestam a ele adoração durante
todo tempo. Ao contrário, a Bíblia diz que ele anda em volta dos cristãos,
observando-os diuturnamente procurando neles motivo para acusação. Seu trabalho
é rodear a terra, passear por ela e acompanhar passo a passo os servos de Deus.
Foi assim que aconteceu com Jó íntegro, reto e temente a Deus e que se desviava
do mal. Jó, apesar de seu comportamento exemplar estava sendo monitorado pelo
diabo que não abriu mão de levantar diante de Deus acusações infundadas sobre
sua idoneidade.
d).
Como leão. O diabo não é leão autêntico e sim enganador. A Bíblia diz: “Porque
já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus
Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo” – (II João 1:7). Sua
intenção é intimidar o cristão para que ele o tema. Isto me faz lembrar de uma
frase popular que diz – “ganhar no grito”. O único leão autêntico se chama –
“Jesus Cristo”, e este não necessita intimidar ninguém e muito menos consegue
seu intento através do grito. Confira: “E disse-me um dos anciãos: Não chores;
eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o
livro e desatar os seus sete selos” – (Apocalipse 5:5).
e).
Possa tragar. O diabo não pode sequer tocar em uma unha do cristão se não
houver legalidade através de brechas (pecados), ou por vontade permissiva de
Deus como foi o caso de Jó. Entretanto, quando acidentalmente o cristão vier a
cair em pecado, não significa necessariamente que ele vai ser tragado pelo
acusador. Para que isto não ocorra, é preciso buscar em arrependimento o perdão
através de Jesus Cristo e tornar a acusação nula pelo poder de Deus o justo
Juiz – (I João 2:1,2). Não se deixe tragar e nem aceite acusações infundadas do
acusador. Ele já é um derrotado.
O
título deste texto diz – “De Acusador a Réu e Condenado”. O diabo já foi
julgado por Deus e considerado culpado. A Bíblia diz: “E o diabo, que os
enganava (e os acusava), foi lançado
no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de
noite serão atormentados para todo o sempre” – (Apocalipse 20:10) – grifo meu.
_____________________Plínio
Cavalheiro.