“E indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos,
ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça
recebestes, de graça daí.” - (Mateus 10:7,8)
Jesus convoca seus doze discípulos, inclusive Judas, para uma daquelas reuniões
importantíssimas com a finalidade de passar orientações a cada um, frente aos
desafios que eles enfrentariam durante a carreira apostólica.
Os discípulos tiveram aos pés de Jesus, Mestre dos mestres, durante um período
de aproximadamente três anos e meio, e neste tempo aprenderam como lidar com
situações inerentes ao ministério da pregação do Evangelho.
O capítulo dez de Mateus narra uma situação onde os discípulos são honorificados.
Nesta solenidade Jesus confere a eles uma espécie de “CRM” espiritual para
“clinicar” com autoridade, expulsar espíritos imundos (demônios), e curarem
qualquer tipo de doença. Abrindo um parêntese (na área de saúde existem
charlatões que falsificam a carteira do Conselho Nacional de Medicina para
clinicar, da mesma forma encontramos falsos pregadores da Palavra de Deus).
Voltando ao texto. Quando caminhamos pelo capítulo, com passos de meditação,
encontramos os versos sete e oito que parecem se salientarem entre os demais,
querendo nos passar algo mais que importante, ao menos é desta forma que vejo e
convido você a se juntar a mim para que possamos meditar sobre cinco comandos
inseridos nestes dois versos chaves:
Primeiro. “E indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus” – (v.7).
O verbo “ir” aparece no gerúndio, indicando que o procedimento é dinâmico e
consecutivo. Jesus passa a idéia aos seus doze, mais ou menos desta forma (me
desculpe o ditado popular): Enquanto descansa, carrega pedras! Usem o percurso
para anunciar o evangelho a todos quantos encontrarem pelo caminho, e sem
espaço para que os alunos pudessem perguntar qual seria a mensagem, Jesus antecipa
o tema: “É chegado o reino dos céus”.
Reino dos céus não soava estranho aos ouvidos do povo. João o Batista pregava
no deserto da Judéia, dizendo ao seu auditório: Arrependei-vos, porque é
chegado o reino dos céus – (Mateus 3:1-3). João pregava aos seus ouvintes sobre
o aparecimento de Jesus ao mundo como marco de fixação do reino dos céus. Esta
mensagem necessitava ser divulgada com a intenção de mostrar ao povo que não
haveria mais necessidade de se manter falsa expectativa sobre a vinda do
Messias, e sim crer no seu triunfal aparecimento.
Segundo. “Curai os enfermos”. Se fizéssemos uma pesquisa entre os
cristãos para saber quantas vezes ele precisou orar por alguém enfermo, com
toda certeza ele não saberia responder. A resposta seria, muitas vezes.
Entretanto, é bom lembrar que o ser humano não se limita a possuir enfermidades
físicas, podendo perfeitamente contrair ou nascer com três tipos de
enfermidades – física, alma e espírito, sendo a última discutida no próximo
tópico.
Doença física. Você, muito provavelmente já deve ter se perguntado: Por que
Fulano de Tal não foi curado, e foi a óbito após várias pessoas orarem por ele?
Se você voltar para o texto e prestar mais atenção, você vai perceber que Jesus
não disse para curar todos os enfermos, ressuscitar todos os mortos, limpar
todos os leprosos e expulsar todos os demônios. Neste caso, o cristão deve
aplicar o mesmo princípio da pregação, ou seja, pregar a todos, mesmo sabendo
que nem todos serão salvos. Vamos exemplificar este ponto: Você já viu algum
médico perder suas credenciais ou cair no descrédito quando um paciente vai a óbito,
a não ser por erro ou negligência? Da mesma forma o cristão que tem a certeza
de ter feito seu trabalho correto, não pode se achar culpado por conta do
“insucesso” da oração.
Doença de alma. É surpreendente o número de “pacientes” dentro das igrejas
sofrendo deste mal contagiante. Os demônios (verdugos) têm aproveitado a
legalidade conferida por Deus para torturar os cristãos que não “conseguem”,
por exemplo, perdoar – (Mateus 18:34). Em meu trabalho e ministério tenho
presenciado muitas doenças e sofrimentos, provocados por “ódio”, “raiz de
amargura”, “mágoa”, “rancor”, “ressentimento”, que se resume em falta de
perdão.
Terceiro. “Ressuscitai os mortos”. Sou obrigado a perguntar: Quantas
vezes você já lidou com esta situação? E se enfrentou, teve êxito? Muito
provavelmente você respondeu silenciosamente, infelizmente não tive sucesso.
Pois quero te desmentir, se você é um cristão autêntico, usando da autoridade
da Palavra de Deus. Jesus disse em certa ocasião: “Deixa aos mortos o enterrar
os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus” – (Lucas 9:60). No
universo físico, Jesus comete um contra-senso, quando faz esta declaração, não
obstante, Jesus se refere ao mundo espiritual. Quem não está em Cristo e ou não
ressuscitou com Ele, é considerado um morto espiritual. Assim sendo, todas as
vezes que eu e você levamos a mensagem de salvação ao homem perdido, e ele opta
por aceitar o favor de Cristo, nós estamos ressuscitando mortos. Contudo, não
devemos descartar a possibilidade de ressuscitar mortos literalmente como foi o
caso de Lázaro e outros – (João 12.17).
Quarto. “Limpai os leprosos”. Como estamos diante de um estudo,
aproveito para fazer uma pergunta, cuja resposta poderá contribuir para
esclarecer nossas possíveis dúvidas: A “lepra” é uma enfermidade ou não? E, se
é, por que não foi incluída na lista de enfermidades? Inicialmente há de se
considerar e avaliar em que contexto o Senhor Jesus faz esta declaração. Nos
tempos primórdios, incluindo a época de Moisés, existia uma separação da lepra
das demais doenças. Os portadores de hanseníase não utilizavam dos recursos
médicos, como fazemos hoje, na tentativa de solução para o mal. As leis eram esclarecedoras
acerca da lepra, conforme narrado em Levítico capítulos treze e quatorze,
trazendo detalhes, tipos e procedimentos para cada caso.
Diante disto, surge a segunda pergunta: Se os médicos não tratavam da lepra,
então quem era o responsável por esta área? A palavra de Deus diz que o leproso
não tinha condições para se curar a si mesmo, nem mesmo podia analisar se já
estava limpo, pelo fato de depender exclusivamente da avaliação do sacerdote
que exercia este ministério fora do arraial. Na sequência vamos descobrir
algumas características, causas e consequências da lepra: Motivos >
Incredulidade (Ex 4:6,7), Rebeldia (Nm12), Soberba (II Cr 26) e Ganância II
Reis 5:20-27); Efeitos > Mudança da aparência, inchaço, perda sensorial,
paralisação, isolamento, contaminação da casa e outros detalhes inconvenientes.
Este comando de Jesus dizendo que obtemos unção para curar os leprosos pode
perfeitamente ser contextualizado hoje de maneira que entendamos que não se
pode negar o grande número de pessoas “leprosas” que necessitam de um sacerdote
para ajudá-las. Ou você não conhece nenhum - incrédulo, rebelde, soberbo ou
ganancioso que está sofrendo com a “doença”?
Quinto. “Expulsai os demônios”. Tenho vivido algumas décadas e
acompanhado de certa forma as transições no meio do povo evangélico. As igrejas
(não todas) têm usado de todos os meios, inclusive a mídia, incluindo a
televisão para explorar este tema controverso. A impressão que se tem (digo
como espectador e não generalizo), é que muitos usam deste artifício para
ganhar prestígio e conseguir aumentar seu ibope no mercado competitivo das
religiões. É uma espécie de, “quem pode mais, chora menos e consegue mais
adeptos”, e assim vão enchendo seus cofres.
Não há nenhum mal em expulsar demônios e o cristão deve estar preparado para
fazê-lo quando julgar, pelo Espírito, necessário. Contudo, a palavra de Deus é
Clara em dizer: “E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por
lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. Então diz: Voltarei para a
minha casa, de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando,
habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros.
Assim acontecerá também a esta geração má” – (Mateus 12:43- 45).
O que este texto do parágrafo anterior nos ensina? Ensina que devemos ser
cautelosos no cumprimento do comando de Jesus quando enfrentamos os demônios
que cruzam por nossos caminhos. Necessitamos de sabedoria e discernimento para
lidar com estas criaturas infernais e astutas. No caso de possessão explícita e
escandalosa, quando a pessoa está totalmente tomada pelo espírito maligno, o
melhor é usar o poder do Nome de Jesus para amarrar o ou os demônios para que a
pessoa envolvida tenha condições de raciocinar por si. Ato seguinte, pregue o
evangelho de Jesus Cristo e dê oportunidade a ela de confessar Jesus Cristo
como único Salvador e Senhor, e na sequência, se ela aceitar a Palavra, mande
em nome de Jesus os capetas saírem daquele corpo pra nunca mais voltar.
Dever e privilégio. Estes são os cinco comandos que Jesus, em uma de
suas preciosas aulas, passa aos seus apóstolos que procuraram cumpri-los
rigorosamente. Eu e você (assim espero), somos de igual modo discípulos de
Jesus, assim sendo, temos o dever e mais que isto, o privilégio
de usar da autoridade que nos é conferida para prestar ajuda aos necessitados
que estão enfermos, mortos, leprosos e endemoninhados. É claro que o tema é
infinitamente mais amplo e deve ser estudado com muito carinho por todos os
cristãos. Amém?
_______________Plínio Cavalheiro.
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